Por carreiras e salários <br>milhares de polícias nas ruas
UNIÃO O descongelamento dos índices remuneratórios, a reposição do direito de progressão na carreira e o aumento dos salários motivaram milhares de polícias para o protesto nacional de dia 12, em Lisboa.
Ficou demonstrada a unidade dos polícias e das suas organizações
LUSA
Envolvendo profissionais da PSP, da GNR, da Polícia Marítima, da Guarda Prisional, do SEF e da ASAE, o protesto, convocado pela Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, começou com uma concentração no Marquês de Pombal. Daqui, cerca das 18h30, partiu uma manifestação em direcção ao Ministério das Finanças.
Nessa altura, a agência Lusa adiantava, citando a organização, que estariam ali seis a sete mil pessoas. Nos cartazes e faixas, exigia-se «Descongelamento já, pelo direito à progressão na carreira» ou «Exigimos descongelamento dos índices remuneratórios», enquanto o ruído dos apitos era entrecortado com palavras de ordem, como «Centeno escuta, os polícias estão em luta» e «Polícias unidos jamais serão vencidos».
À chegada ao Ministério que tutela a Administração Pública, os manifestantes depararam-se com um aparato policial excessivo e que surpreendeu organizadores e participantes no protesto, como disse aos jornalistas Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP). Outro factor de agravamento da indignação foi a demora para que uma delegação fosse recebida, a fim de entregar um caderno reivindicativo. Tal só ocorreu cerca das 20h30.
César Nogueira, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) e secretário nacional da CCP, apontaria mais tarde estes dois factos como causas de uma espontânea deslocação do protesto até à Assembleia da República e também para a residência oficial do primeiro-ministro.
Persistir na luta
Para a CCP, «esta acção de protesto não representa o fim de um ciclo, mas antes consiste num sólido ponto de partida, que impulsionará um determinado processo reivindicativo, caso o Governo não recue nas suas intenções».
Numa saudação subscrita pelo Secretariado Nacional da CCP e divulgada no dia 13, ficou expresso «o compromisso de persistir na luta pela defesa do descongelamento integral das carreiras em 2018» e «intransigentemente defender a reposição do poder de compra, perdido nos últimos anos, por via de aumentos salariais».
A CCP saudou todos os que participaram na manifestação, incluindo as estruturas que não fazem parte da Coordenadora Permanente, e mencionou igualmente os «muitos profissionais que viram as suas folgas suspensas e não puderam participar» no protesto.
Por fim, exortou os profissionais das forças e serviços de segurança «a manterem o espírito de união e determinação, imprescindível para que o Governo entenda, de forma clara, que estamos firmes na defesa da nossa dignidade profissional».
Condição policial
A direcção da ASPP/PSP congratulou-se com a aprovação na generalidade «do diploma que consagra a condição policial, que consiste em algumas compensações por uma série de constrangimentos que esta profissão comporta».
Numa nota publicada dia 13, refere-se que o projecto de lei foi apresentado pelo PCP e contou com os votos favoráveis de todos os partidos, à excepção do PS, surgindo «no seguimento da petição em sentido semelhante apresentada pela ASPP/PSP», discutida em plenário na quarta-feira, dia 11.
Em sede de comissão, agora, a ASPP/PSP «espera que esta questão seja debatida com celeridade, procurando fazer justiça a estes homens e mulheres que, todos os dias, colocam a sua vida em risco em prol da segurança pública» e declara-se «disponível para dar o contributo necessário».